Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1859

Allan Kardec

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Os convulsionários de Saint-Médard

1. ─ (A São Vicente de Paulo). Na última sessão evocamos o diácono Pâris, que teve a bondade de vir. Desejaríamos ter a vossa opinião pessoal sobre ele como Espírito.
─ É um Espírito cheio de boas intenções, porém mais elevado moralmente do que noutros sentidos.

2. ─ Ele estava realmente alheio, como diz, ao que se fazia junto ao seu túmulo?
─ Completamente.

3. ─ Poderíeis dizer-nos como considerais aquilo que se passava com os convulsionários? Era um bem ou um mal?
─ Era antes um mal que um bem. É fácil sabermos disto pela impressão geral produzida por esses fatos sobre os contemporâneos esclarecidos e sobre os seus sucessores.

4. ─ A esta pergunta dirigida a Pâris: “Se a autoridade tinha mais poder que os Espíritos, por que pôs fim aos prodígios?”, sua resposta não nos pareceu satisfatória. Que pensais?
─ Ele deu uma resposta mais ou menos conforme à verdade. Os fatos eram produzidos por Espíritos pouco elevados e a autoridade pôs termo a isso interditando aos seus promotores a continuação dessa espécie de saturnais.

5. ─ Entre os convulsionários, alguns se submetiam a torturas atrozes. Qual era o resultado disto sobre os seus Espíritos depois da morte?
─ Praticamente nulo. Não havia nenhum mérito em atos sem resultado útil.

6. ─ Os que sofriam tais torturas pareciam insensíveis à dor. Eram simplesmente resignados ou realmente insensíveis?
─ Insensibilidade completa.

7. ─ Qual a causa dessa insensibilidade?
─ Um efeito magnético.

8. ─ Elevada a um certo grau, não poderia a superexcitação moral aniquilar-lhes a sensibilidade física?
─ Isto acontecia nalguns deles e os predispunha a sofrer a influência de um estado que noutros tinha sido provocado artificialmente, pois nesses fatos estranhos um grande papel foi representado pelo charlatanismo.

9. ─ Desde que esses Espíritos operavam curas, prestavam um serviço. Então, como podiam ser de uma ordem inferior?
─ Não vedes isto todos os dias? Não recebeis por vezes excelentes conselhos e ensinos úteis de certos Espíritos pouco elevados e até levianos? Não podem eles procurar fazer algo que tenha o bem como resultado final, com vistas a um melhoramento moral?

10. ─ Nós vos agradecemos as explicações que tivestes a bondade de nos dar.
─ Sempre vosso.

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