Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1859

Allan Kardec

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O menino e o regato (Parábola)

Um dia um menino chegou junto a um regato tão rápido que tinha quase a impetuosidade de uma torrente. A água descia de uma colina vizinha e engrossava, à medida que avançava pela planície. Pôs-se o menino a examinar a torrente, depois juntou toda sorte de pedras que podia carregar nos braços pequeninos. Tinha a cega presunção de construir um dique.

Apesar de todos os seus esforços e da sua cólera infantil, não o conseguiu.

Refletindo então mais seriamente, se é que tal expressão se pode atribuir a uma criança, subiu mais alto, abandonou sua primeira tentativa e quis fazer seu dique perto da própria fonte do regato. Mas, ah! Seus esforços ainda foram impotentes.
Desanimou e lá se foi chorando.

Estava-se ainda na bela estação e o regato não era muito rápido, em comparação com o seu curso no inverno. Engrossou, e o menino viu o seu progresso: a água lançava-se roncando com maior furor, derrubando tudo em sua passagem, e o próprio menino infeliz teria sido arrastado, se tivesse ousado aproximar-se, como da primeira vez.

Oh! Homem fraco! Oh, criança! Tu que queres levantar uma barragem, um obstáculo intransponível à marcha da verdade, não és mais forte do que aquela criança e tua infantil vontade não é mais forte que os seus pequenos braços. Ainda mesmo que queiras atingi-la em seu nascedouro, a verdade, com certeza, arrastar-teá inevitavelmente.
Basílio

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