Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1860

Allan Kardec

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A fantasia

(Médium, Sra. Leso...)
Queres que te fale da fantasia. Ela foi minha rainha, minha dona, minha escrava. Eu a servi e a dominei. Mas embora sempre sujeito às suas adoráveis flutuações, jamais lhe fui infiel. É ainda ela que me impele a falar de outra coisa: da facilidade com que o coração carrega dois amores, facilidade mal vista e muito censurada. Considero absurda essa censura dos bons burgueses que só gostam de seus pequenos vícios moderados, ainda mais enfadonhos que suas virtudes. Eles só admitem o que os seus miolos podados e cercados de sebes como um jardim de padre conseguem entender. Tens medo do que te digo; fica tranquila; Musset tem a sua garra; não se lhe podem pedir gentilezas de cãezinhos amestrados. É preciso suportar e compreender suas piadas, verdadeiras sob sua aparência frívola, tristes sob sua alegria, risonhas nas suas lágrimas.

ALFRED DE MUSSET

OBSERVAÇÃO: Uma pessoa que só tinha ouvido esta comunicação à sua primeira leitura dizia, numa sessão íntima, que ela lhe parecia de pouca significação.

O Espírito de Sócrates, que participava da conversa, respondendo a essa observação, escreveu espontaneamente: “Não, tu te enganas; relê; há coisas boas; ela é muito inteligente e isto tem o seu lado bom. Diz-se que nisto se conhece o homem. Com efeito, é mais fácil provar a identidade de um Espírito do vosso tempo do que do meu. Para certas pessoas é útil que de vez em quando tenhais comunicações desta espécie”.

Um outro dia, numa conversa sobre médiuns, referindo-se ao caráter de Alfred de Musset, que um dos assistentes acusava de ter sido muito material em vida, este escreveu espontaneamente a notável comunicação seguinte, por um de seus médiuns preferidos.

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