Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1862

Allan Kardec

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O Espiritismo é provado por milagres?

Mandou-nos um padre a seguinte pergunta:

“Todos os que de Deus receberam a missão de ensinar a verdade aos homens têm provado sua missão por meio de milagres. Por quais milagres o senhor prova a verdade de seu ensino?”

Não é a primeira vez que nos dirigem tal pergunta, a nós ou a outros espíritas. Parece que lhe ligam grande importância e que de sua solução depende a sentença que deve condenar ou absolver o Espiritismo. No caso, força é concordar que a nossa posição é crítica, pois estamos como um pobre diabo sem um vintém e a quem intimam: “A bolsa ou a vida”. Assim, confessamos humildemente que não temos o mais insignificante milagre para oferecer. Mais ainda, o Espiritismo não se apoia em nenhum fato miraculoso. Seus adeptos não fizeram, nem têm a pretensão de fazer qualquer milagre; não se julgam bastante dignos para que, à sua voz, Deus mude a ordem eterna das coisas. O Espiritismo constata um fato material: o da manifestação das almas ou Espíritos.

Tal fato é ou não é real? Eis a questão. Ora, nesse fato, se admitido como verdadeiro, nada há de miraculoso. Como as manifestações desse gênero ─ tais como as visões, as aparições e outras ─ ocorreram em todos os tempos, como bem o atestam os historiadores sacros e profanos e os livros de todas as religiões, aquelas de outrora passaram como sobrenaturais. Hoje, porém, que se lhes conhece a causa, que se sabe serem produzidas em virtude de certas leis, sabe-se, também, que lhes falta o caráter essencial dos fatos miraculosos ─ o da exceção à lei comum.

Observadas em nossos dias com mais cuidado que na antiguidade; observadas, sobretudo, sem prevenções e com o auxílio de investigações tão minuciosas quanto as que são feitas nos estudos científicos, tais manifestações têm como consequência provar, de modo irrefutável, a existência de um princípio inteligente fora da matéria; a sua sobrevivência ao corpo; a sua individualidade após a morte; a sua imortalidade; o seu futuro feliz ou infeliz, por conseguinte, a base de todas as religiões.

Se a verdade só fosse provada por milagres, poderíamos perguntar por que os padres do Egito, que estavam em erro, reproduziam perante o Faraó os milagres feitos por Moisés? Por que Apolônio de Tiana, que era pagão, curava pelo toque, dava a vista aos cegos, a palavra aos mudos, predizia o futuro e via o que se passava a distância? O próprio Cristo não disse: “Haverá falsos profetas que farão prodígios”?

Um dos nossos amigos, depois de uma prece fervorosa ao seu Espírito protetor, foi curado quase que instantaneamente de uma moléstia muito grave e muito antiga, que havia resistido a todos os remédios. Para ele o fato foi realmente miraculoso. Mas, como crê nos Espíritos, um padre a quem contou o fato lhe disse que o diabotambém pode fazer milagres. “Nesse caso, ─ retrucou o amigo ─ se foi o diabo que me curou, a ele devo agradecer.”

Assim, os prodígios e os milagres não são o privilégio exclusivo da verdade, de vez que o próprio diabo os faz. Como, então, distinguir os bons dos maus? Todas as religiões idólatras ─ sem excetuar a de Maomé ─ apoiam-se em fatos sobrenaturais. Isso prova uma coisa: que os fundadores dessas religiões conheciam segredos naturais, ignorados pelo vulgo.

Aos olhos dos selvagens da América, Cristóvão Colombo não passava por um ser sobre-humano, por haver predito um eclipse? Não podia ter-se inculcado um enviado de Deus? Para provar o seu poder, necessitaria Deus desfazer o que fez? Fazer rodar para a direita aquilo que gira para a esquerda?

Provando o movimento da Terra pelas leis da Natureza, Galileu não estava mais certo do que aqueles que pretendiam que, por uma derrogação dessas mesmas leis, tinha sido necessário parar o Sol? Entretanto, sabemos o que lhe custou, a ele e a tantos outros, por haver demonstrado um erro. Dizemos que Deus é maior pela imutabilidade de suas leis do que as derrogando, e que se lhe aprouve fazê-lo em determinadas circunstâncias, isto não é o único sinal da verdade. Remetemos o leitor ao que dissemos a tal respeito em nosso artigo de janeiro, a propósito do sobrenatural.

Voltemos às provas da verdade do Espiritismo.

Há duas coisas no Espiritismo: o fato da existência dos Espíritos e de suas manifestações, e a doutrina daí decorrente. O primeiro ponto não pode ser posto em dúvida senão pelos que não viram ou não quiseram ver. Quanto ao segundo, a questão é de saber se esta doutrina é justa ou falsa. É uma questão de apreciação.

Se os Espíritos só se manifestassem por meio de ruídos, movimentos e, numa palavra, por efeitos físicos, isso não provaria grande coisa, pois não saberíamos se são bons ou maus. O que, sobretudo, é característico nesse fenômeno; o que é de natureza a convencer os incrédulos, é o poder de reconhecer parentes e amigos entre os Espíritos. Mas, como podem os Espíritos atestar a sua presença, a sua individualidade e permitir o julgamento de suas qualidades, senão falando? Sabe-se que a escrita pelos médiuns é um dos meios que eles empregam. Desde que têm um meio de exprimir suas ideias, podem dizer o que quiserem. Conforme o seu adiantamento, dirão coisas mais ou menos boas, justas e profundas. Ao deixar a Terra, não abdicaram do livre-arbítrio. Como todos os seres pensantes, eles têm suas opiniões, e como entre os homens, os mais adiantados dão ensinamentos de alta moralidade e conselhos impregnados de profunda sabedoria. São esses ensinamentos e esses conselhos que, recolhidos e ordenados, constituem a Doutrina Espírita, ou dos Espíritos.

Considerai esta doutrina, se assim o quiserdes, não como uma revelação divina, mas como uma opinião pessoal deste ou daquele Espírito, e a questão será a de saber se é boa ou má, justa ou falsa, racional ou ilógica. A quem procurar para isto? O julgamento de um indivíduo, ou mesmo de alguns indivíduos? Não, porque dominados pelos preconceitos, por ideias preestabelecidas ou por seus interesses pessoais, eles podem enganar-se. O único e verdadeiro juiz é o público, porque aí não há interesse de camarilha, e porque nas massas há um bom-senso inato, que se não equivoca. Diz a lógica sadia que a adoção de uma ideia ou de um princípio pela opinião geral é prova de que repousa sobre um fundo de verdade.

Os espíritas não dizem: “Eis uma doutrina saída da boca do próprio Deus, revelada a um só homem por meios prodigiosos e que deve ser imposta ao gênero humano”. Ao contrário, dizem: “Eis uma doutrina que não é nossa, e cujo mérito não reivindicamos. Adotamo-la porque a consideramos racional”. Atribuí a sua origem a quem quiserdes: a Deus, aos Espíritos, aos homens. Examinai-a. Se vos convier, adotai-a. Caso contrário, ponde-a de lado.” Não se pode ser menos absoluto.

O Espiritismo não vem usurpar a religião. Ele não se impõe. Não vem forçar as consciências, quer dos católicos, quer dos protestantes ou dos judeus. Apresenta-se e diz: “Adotai-me, se me achais bom”. É culpa dos espíritas se o acham bom? Se nele recebemos consolações que nos tornam felizes, que dissipam os terrores do futuro, acalmam as angústias da dúvida e dão coragem para o presente? Ele não se dirige àqueles a quem bastam as crenças católica ou outras, mas àqueles aos quais elas não satisfazem completamente ou que delas desertaram. Em vez de não crer mais em nada, ele os leva a crer em algo e a crer com fervor.

O Espiritismo não quer constituir-se num grupo à parte. Pelos meios que lhe são próprios, ele reconduz os que se afastam. Se os repelirdes, eles serão forçados a ficar de fora. Dizei, com alma e consciência, se para eles seria preferível serem ateus.

Perguntam em que milagre nos apoiamos para julgarmos boa a Doutrina Espírita. Julgamo-la boa não só porque é a nossa opinião, mas a de milhões que pensam como nós; porque ela leva a crer aqueles que não criam; porque torna boas, criaturas que eram más; porque dá coragem nas misérias da vida. Milagre é a rapidez de sua propagação, inédita nos fastos das doutrinas filosóficas; é ter feito em poucos anos a volta ao mundo e se haver implantado em todos os países e em todas as camadas da Sociedade; é ter progredido malgrado tudo quanto foi feito para barrá-lo; é derrubar as barreiras que lhe opõe e encontrar um aumento das forças nessas mesmas barreiras. É isso a característica de uma utopia?

Uma ideia falsa pode encontrar alguns partidários, mas terá apenas uma existência efêmera e circunscrita: perderá terreno, em vez de conquistá-lo, ao passo que o Espiritismo ganha, em vez de perder. Quando o vemos germinar em toda parte, acolhido como um benefício da Providência, é porque lá está o dedo da Providência. Eis o verdadeiro milagre ─ e o julgamos suficiente para assegurar o seu futuro. Direis que aos vossos olhos não há um caráter providencial, mas diabólico. Tendes liberdade de escolha. E por que ele marcha, isso é o essencial. Apenas diremos que se uma coisa se estabelecesse universalmente pelo poder do diabo, a despeito dos esforços dos que dizem agir em nome de Deus, isso poderia levar certas pessoas a crerem que o demônio é mais poderoso que a Providência.

Pedis milagres. Eis um que nos envia um dos nossos correspondentes na Argélia:

“O Sr. P..., antigo oficial, era um dos mais duros incrédulos. Tinha o fanatismo da irreligião e, antes de Proudhon, dizia: “Deus é o mal;” ou, por outras palavras, não admitia nenhum deus. Só reconhecia o nada. Quando o vi chegar à procura do vosso Livro dos Espíritos, pensei que ele fosse coroar a sua leitura com qualquer elucubração satírica, como costumava fazer contra os padres e até mesmo contra o Cristo. Parecia-me impossível pudesse ser curado um ateísmo tão inveterado. Ah! Entretanto o Livro dos Espíritos fez esse milagre. Se conhecêsseis aquele homem como eu conheço, ficaríeis orgulhoso de vossa obra e olharíeis a coisa como o vosso maior sucesso. Aqui todos se admiram. Contudo, quando se é iniciado na palavra da verdade, não há de que se surpreender, naturalmente, após a reflexão.”

Acrescentemos, pois não faz mal, que o nosso correspondente é um jornalista que, também ele, professava opiniões pouco espiritualistas e ainda menos espíritas. Teriam ido pegá-lo à força para lhe impor a crença em Deus e em sua alma? Não, não é provável. Fascinaram-no com alguns fenômenos prodigiosos? Também não, pois ele nada viu como manifestações. Apenas leu, compreendeu, encontrou raciocínios lógicos e acreditou. Direis que essa e tantas outras conversões seriam obra do diabo? Se assim é, o diabo tem uma política original de fornecer armas contra si próprio e é muito inábil deixando escapar os que estavam em suas garras.

Por que não fizestes esse milagre? Seríeis, então, menos fortes que o diabo para fazer crer em Deus?

Outro questionamento, se me permitis:

─ Enquanto era ateu e blasfemador, aquele senhor estava danado para a eternidade?

─ Sem dúvida alguma.

─ Agora que, em vossa opinião, pelo diabo foi convertido a Deus, ainda é danado? Suponhamos que crendo em Deus, em sua alma, na vida futura feliz ou infeliz, e que, em virtude dessa crença, se torne melhor do que era e não adote inteiramente ao pé da letra a interpretação de todos os dogmas, e que até repila alguns, ainda é danado? Se disserdes “sim”, a crença em Deus para nada lhe serve. Se disserdes “não”, em que se torna a máxima Fora da igreja não há salvação? Diz o Espiritismo: Fora da caridade não há salvação. Credes que aquele senhor vacila entre as duas? Queimado por uma, apesar de tudo, e salvo conforme a outra, a escolha não parece oferecer dúvidas.

Como todas as ideias novas, estas contrariam certas pessoas, certos hábitos, e mesmo certos interesses, assim como as estradas de ferro contrariaram os donos de diligências e os que tinham medo; como uma revolução contraria certas opiniões; como a imprensa contrariou os escribas; como o Cristianismo contrariou os sacerdotes pagãos. Mas, que fazer quando, a nosso bom grado ou a nosso malgrado uma coisa se estabelece, por sua própria força e é aceita pela generalidade? É necessário tomar partido e dizer, como Maomé, que o que é deve ser. Que fareis se o Espiritismo se tornar uma crença universal? Repelireis todos os que o admitirem?

─ Isto não acontecerá; isso não pode ser, ─ direis vós.

─ Mas, uma vez mais, se isto é, o que fareis?

Pode-se deter esse surto? Para tanto, seria preciso deter não um homem, mas os Espíritos; impedi-los de falar; queimar não um livro, mas as ideias; impedir que os médiuns escrevam e se multipliquem.

Um dos nossos correspondentes de uma cidade do Departamento do Tarn nos escreveu:

“Nosso cura faz a propaganda por nós; troveja do púlpito contra o Espiritismo, que não passa de obra do demônio, segundo ele. Quase que me apontou como o sumossacerdote da Doutrina em nossa cidade, o que agradeço-lhe do fundo do coração. Fornece-me, ainda, ocasião de tratar do assunto com aqueles que ainda não tinham tido notícia e que me abordam para saber o que é. Hoje abundam os médiuns entre nós.”

O resultado é o mesmo por toda parte onde quiseram gritar contra. Hoje a ideia espírita está lançada; é acolhida porque agrada; vai do palácio à cabana e pode julgar-se o efeito das tentativas futuras pelas que têm sido feitas para sufocá-lo.

Em resumo, para estabelecer-se, o Espiritismo não reivindica a ação de nenhum milagre; nada quer mudar na ordem das coisas; procurou e encontrou a causa de certos fenômenos erradamente considerados sobrenaturais; em vez de apoiar-se no sobrenatural, o repudia por conta própria; dirige-se ao coração e à razão. A lógica lhe abriu o caminho. A lógica o levará a bom termo.

Isto vai por conta da resposta que devemos à brochura do Sr. Cura Marouzeau.

Deixemos agora que falem os Espíritos.

Apresentada a questão acima, eis algumas das respostas obtidas através de vários médiuns:

“Venho falar-vos da realidade da Doutrina Espírita e colocá-la em oposição aos milagres cuja ausência parece servir de arma aos seus detratores. Os milagres, necessários nos primeiros tempos da Humanidade, para chocar os Espíritos que importava submeter; os milagres, quase todos explicados hoje, graças às descobertas da Física e de outras ciências, agora se tornaram inúteis e, direi mesmo, perigosos, porque suas manifestações só despertarão a incredulidade ou a zombaria.

“Enfim chegou o reinado da inteligência, embora ainda não esteja na sua expressão triunfante, mas nas suas tendências. Que quereis? Ver de novo as baquetas transformadas em serpentes, os enfermos se erguerem e os pães se multiplicarem? Não, não vereis isso. Mas vereis os incrédulos se enternecerem e dobrarem ante o altar os seus joelhos enferrujados. Esse milagre equivale ao da água a brotar do rochedo. Vereis o homem desolado, vergado ao peso da desgraça, desfazer-se da pistola carregada e exclamar: ‘Meu Deus, sede louvado, porque vossa vontade eleva as minhas provas ao nível do amor que vos devo’. Enfim, por toda a parte, vós que explicais os fatos com os textos e o espírito com a letra, vereis a luminosa verdade estabelecer-se sobre as ruínas dos vossos mistérios carcomidos.”

LÁZARO (Médium: Sra. Costel)


“Numa de minhas últimas meditações, parece que lida aqui, demonstrei que a Humanidade está progredindo atualmente. Até o Cristo, a Humanidade tinha um corpo; certamente era esplêndida; tinha tido esforços heróicos e virtudes sublimes. Mas onde estava a sua ternura? Onde a sua mansuetude? Havia a respeito muitos exemplos na Antiguidade. Abri um poema antigo: onde a mansidão e a ternura? Já encontrareis a sua expansão no poema quase inteiramente cristão da Dido de Vergílio, espécie de heroína melancólica que o Tasso ou Ariosto teriam tornado interessante nos seus cantos cheios de alegria cristã.

“O Cristo veio, pois, falar ao coração da Humanidade. Mas, sabeis, o próprio Cristo disse que tinha vindo em carne no meio do paganismo e prometeu vir no meio do Cristianismo. Há no indivíduo a educação do coração, como há a da inteligência. O mesmo se dá com a Humanidade. O Cristo é, pois, o grande educador. Sua ressurreição é o símbolo de sua fusão espiritual em todos, e essa fusão, essa expansão dele mesmo, apenas começais a sentir. O Cristo não vem mais fazer milagres. Ele vem falar ao coração diretamente, em vez de falar aos sentidos. Passava adiante daqueles que pediam um milagre no Céu e, poucos passos adiante, improvisava o seu magnífico sermão da montanha. Ora pois, aos que ainda pedem milagres, o Cristo responde por todos os Espíritos sábios e esclarecidos: “Credes mais nos vossos olhos, nos vossos ouvidos, nas vossas mãos do que no vosso coração? Minhas chagas atualmente estão fechadas; o Cordeiro foi sacrificado; a carne foi massacrada; o materialismo viu; agora é a vez do Espírito. Deixo os falsos profetas; não me apresento aos poderosos da Terra, como Simão, o Mago, mas vou àqueles que realmente têm sede; àqueles que realmente têm fome; àqueles que sofrem no coração e não àqueles que não são espiritualistas senão como verdadeiros e puros materialistas.”

LAMENNAIS (Médium: Sr. A. Didier)


"Perguntam-nos quais os milagres que fazemos. Parece-me que de alguns anos para cá as provas são bem evidentes. O progresso do espírito humano mudou a face do mundo civilizado. Tudo progrediu, e os que quiseram ficar na retaguarda desse movimento são como os párias da Sociedade nova.

“À Sociedade tal qual se acha preparada para os acontecimentos, o que falta senão tudo quanto choca a razão e a esclarece? É possível que em certas épocas Deus tenha querido comunicar-se por inteligências superiores, como a de Moisés e outras. Desses grandes homens datam as grandes épocas, mas o espírito dos povos progrediu depois. As grandes figuras dos predestinados enviados por Deus lembravam uma lenda miraculosa. Depois, um fato, por vezes simples em si mesmo, se torna maravilhoso ante a multidão impressionável e preparada para emoções que só a Natureza oferece a seus filhos ignorantes.

“Mas hoje, necessitais de milagres?

“Tudo está transformado em vosso derredor. A Ciência, a Filosofia, a indústria desenvolveram tudo quanto vos cerca. E pensais que nós, os Espíritos, não tenhamos participado dessas modificações profundas?

“Estudando e comentando, aprendeis e meditais melhor. Os milagres não são mais do vosso tempo, e deveis elevar-vos acima dos preconceitos que vos ficaram na memória, como tradições. Nós vos daremos a verdade e sempre nosso concurso. Nós vos esclarecemos, a fim de vos tornardes melhores e fortes. Crede e amai, e o milagre pedido produzir-se-á em vós. Conhecendo e compreendendo melhor o objetivo desta vida, sereis transformados sem fenômenos físicos.

“Procurais apalpar, tocar a verdade e ela vos cerca e vos penetra. Sede, pois, confiantes em vossas próprias forças e o Deus de bondade que vos dava o espírito tornará formidável a vossa força. Por ele afastareis as nuvens que turvam a vossa inteligência e compreendereis que o Espírito é todo imortalidade e todo poder. Postos em relação com esta lei de Deus chamada progresso, não mais procurareis no prestígio dos grandes nomes, que são como mitos da Antiguidade, uma resposta e um escolho contra o Espiritismo, que é a revelação verdadeira, a fé, a ciência nova que consola e fortalece.”

BALUZE (Médium: Sr. Leymarie)


“Pedem milagres como prova da Doutrina Espírita. E quem pede essa prova da verdade? Aquele que em primeiro lugar devia crer e ensinar...

“O maior dos milagres vai operar-se em breve. Sacerdotes do Catolicismo, escutai. Vós quereis milagres e ei-los que se operam... A cruz do Cristo se esfarelava aos golpes do materialismo, da indiferença e do egoísmo; ei-la que se reergue bela, resplandecente, sustentada pelo Espiritismo! Dizei-me: não é o maior dos milagres uma cruz que se reergue, ladeada pela Esperança e pela Caridade?

“─ Em verdade, sacerdotes da Igreja, crede e vede. Os milagres vos rodeiam!... Como chamareis essa volta comum à crença casta e pura do Evangelho, pela qual todas as filosofias ligar-se-ão ao Espiritismo? O Espiritismo será a glória e o facho que iluminará o Universo. Oh! Então o milagre será manifesto e deslumbrante, pois aqui em baixo haverá uma só e mesma família.

“Quereis milagres! Vede essa pobre mulher sofredora e sem pão. Como treme na sua mansarda! O hálito com que quer aquecer os filhinhos que morrem de fome é mais frio e glacial que o vento que penetra em seu abrigo miserável. Por que tanta calma e tanta serenidade em seu rosto, diante de tanta miséria? Ah! É que ela viu brilhar uma estrela acima de sua cabeça; a luz celeste espalha-se no seu reduto; ela não chora mais; ela espera! Ela não amaldiçoa, apenas pede a Deus que lhe dê coragem para suportar a prova!... E eis que as portas da mansarda se abrem e a Caridade vem aí depositar aquilo que pode espalhar a sua mão benfeitora!...

“Que doutrina dará mais sentimento e ânimo ao coração? O Cristianismo plantou o estandarte da igualdade na Terra e o Espiritismo arvora o da fraternidade!... Eis o milagre mais celeste e mais divino que poderia acontecer!... Sacerdotes, cujas mãos por vezes estão manchadas pelo sacrilégio, não peçais milagres físicos, pois as vossas frontes poderão quebrar-se na pedra que pisais para subir ao altar!...

“Não, o Espiritismo não se prende a fenômenos físicos; não se apoia em milagres que falam aos olhos, mas ele dá a fé ao coração. Dizei-me, não estará ainda aí o maior milagre?...”

SANTO AGOSTINHO Médium: Sr. Véry

Nota: Evidentemente isso só se aplica aos padres que mancharam o santuário, como Verger e outros.

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