18.
Sendo o instinto o guia e as paixões as
molas da almano período inicial do seu desenvolvimento, por vezes aquele e
estas se confundem nos efeitos. Há, contudo, entre esses dois princípios,
diferenças que muito importa se considerem.
O instinto é guia seguro, sempre bom.
Pode, ao cabo de certo tempo, tornar-se inútil, porém nunca prejudicial.
Enfraquece-se pela predominância da inteligência.
As paixões, nas primeiras idades da
alma, têm de comum com o instinto o serem as criaturas solicitadas por uma
força igualmente inconsciente. As paixões nascem principalmente das
necessidades do corpo e dependem, mais do que o instinto, do organismo. O que,
acima de tudo, as distingue do instinto é que são individuais e não produzem, como este último, efeitos gerais e uniformes;
variam, ao contrário, de intensidade e de natureza, conforme os indivíduos. São
úteis, como estimulante, até à eclosão do senso moral, que faz nasça de um ser
passivo, um ser racional. Nesse momento, tornam-se não só inúteis, como nocivas
ao progresso do Espírito, cuja desmaterialização retardam. Abrandam-se com o
desenvolvimento da razão.