Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1861

Allan Kardec

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Dissertações e ensinos espíritas

DA INFLUÊNCIA MORAL DOS MÉDIUNS NAS COMUNICAÇOES[1]

(SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS. MÉDIUM, SR. D’AMBEL)

Já dissemos que os médiuns, como médiuns, têm apenas uma influência secundária nas comunicações dos Espíritos; que seu papel é o da máquina elétrica que transmite os despachos telegráficos entre pontos afastados da Terra. Assim, quando queremos ditar uma comunicação, agimos sobre o médium como o funcionário do telégrafo sobre o aparelho, isto é, assim como o tac tac do telégrafo desenha, a milhares de léguas, sobre uma fita de papel, os sinais reprodutores do telegrama, nós nos comunicamos através de distâncias incomensuráveis, que separam o mundo invisível do visível, o mundo imaterial do mundo encarnado, aquilo que vos queremos ensinar através do aparelho mediúnico. Mas, assim como as influências atmosféricas atuam, perturbando as transmissões do telégrafo elétrico, a influência moral do médium atua, e por vezes perturba, a transmissão de nossas mensagens de Além-Túmulo, por sermos obrigados a passá-las por um meio que lhes é contrário. Contudo, na maioria dos casos essa influência é anulada por nossa energia e nossa vontade, e nenhum ato perturbador se manifesta. Com efeito, ditados de alto alcance filosófico, comunicações de perfeita moralidade são transmitidos, às vezes, por médiuns pouco adequados a tais ensinos superiores, enquanto, por outro lado, comunicações pouco edificantes também chegam, por vezes, através de médiuns que se envergonham de lhes haver servido de condutores.

Em tese geral, pode-se afirmar que Espíritos semelhantes chamam Espíritos semelhantes e que raramente Espíritos de plêiades elevadas se comunicam por aparelhos maus condutores, quando têm à mão bons instrumentos mediúnicos, numa palavra, bons médiuns.

Os médiuns levianos e pouco sérios, portanto, atraem Espíritos da mesma natureza. Eis por que suas comunicações são marcadas por banalidades, frivolidades, ideias sem ordenação e às vezes muito heterodoxas, do ponto de vista espírita. Certamente podem dizer, e por vezes dizem coisas boas. Mas é sobretudo neste caso que se torna preciso um exame severo e escrupuloso porque, de permeio a coisas boas, certos Espíritos hipócritas insinuam com habilidade e com uma calculada perfídia fatos controvertidos, afirmações mentirosas, a fim de iludir a boa-fé dos ouvintes. Deve-se, então, suprimir toda palavra ou frase equívoca, e não conservar do ditado senão aquilo que é aceito pela lógica ou que já foi ensinado pela Doutrina. As comunicações dessa natureza não são de temer senão pelos espíritas isolados e pelos grupos recentes ou pouco esclarecidos, porque nas reuniões em que os adeptos são mais adiantados e adquiriram experiência, por mais que a gralha se enfeite com penas de pavão, será sempre impiedosamente desmascarada.

Não falarei dos médiuns que gostam de pedir e escutar comunicações obscenas. Deixemo-los satisfazer-se na companhia dos Espíritos cínicos. Aliás, as comunicações dessa ordem por si mesmas buscam a solidão e o isolamento. Em todo caso, não poderiam senão provocar o desdém e o mal-estar entre os membros dos grupos filosóficos sérios. Mas, a influência moral do médium se faz sentir realmente quando este substitui suas ideias pessoais pelas que os Espíritos se esforçam por lhe sugerir, e também quando extrai de sua imaginação teorias fantásticas que ele próprio e de boa-fé julga provirem de comunicações intuitivas. É então de apostar-se mil contra um que estas não passam de um reflexo do Espírito do próprio médium. Acontece até o fato curioso que a mão do médium por vezes se move quase que mecanicamente, impulsionada por um Espírito secundário e zombeteiro. É contra essa pedra de toque que se vêm quebrar as imaginações jovens e ardentes, porque, arrastadas pelo entusiasmo de suas próprias ideias, pelas lantejoulas de seus conhecimentos literários, desconhecem o ditado modesto de um Espírito sábio e, trocando a presa por sua sombra, a substituem por uma paráfrase empolada. É contra esse escolho temível que igualmente vêm chocar-se as personalidades ambiciosas que, em falta de comunicações que os bons Espíritos lhes recusam, apresentam suas próprias obras como obras daqueles Espíritos. Eis por que é necessário que os chefes de grupos espíritas possuam um tato fino e uma rara sagacidade, para discernir entre as comunicações autênticas e as que não o são, e para não ferir os que se enganam a si mesmos.

Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos antigos provérbios. Não admitais, pois, senão aquilo que vos é de uma evidência certa. Desde que surja uma opinião nova, por pouco duvidosa que vos pareça, passai-a pelo crivo da razão e da lógica. Aquilo que é reprovado pela razão e pelo bom senso deve ser rejeitado firmemente. Mais vale repelir dez verdades que admitir uma só mentira, uma só teoria falsa. Com efeito, sobre essa teoria poderíeis edificar todo um sistema, que se esboroaria ao primeiro sopro da verdade, como um monumento construído sobre areia movediça, ao passo que se hoje rejeitardes certas verdades, porque não vos parecem demonstradas clara e logicamente, em breve um fato brutal ou uma demonstração irrefutável virá atestar-vos a sua autenticidade.

Não obstante, ó espíritas, lembrai-vos de que não há o impossível para Deus e para os bons Espíritos senão a injustiça e a iniquidade.

Agora o Espiritismo está bastante espalhado entre os homens e moralizou suficientemente os adeptos sinceros de sua santa doutrina, para que os Espíritos não mais sejam constrangidos a utilizar maus utensílios, médiuns imperfeitos. Agora, portanto, se um médium, seja ele quem for, por sua conduta ou por seus costumes, por seu orgulho, por falta de amor e de caridade, der motivo legítimo de suspeita, repeli, repeli suas comunicações, pois há uma serpente oculta na relva. Eis minha conclusão sobre a influência moral dos médiuns.

ERASTO.

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TRANSPORTE DE OBJETOS E OUTROS FENÔMENOS TANGÍVEIS[2]

(SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS. MÉDIUM, SR. D’AMBEL)

Para obter fenômenos desta ordem é necessário dispor de médiuns que chamarei sensitivos, isto é, dotados, no mais alto grau, das faculdades mediúnicas de expansão e de penetrabilidade, porque o sistema nervoso dos mesmos, facilmente excitável, lhes permite, por meio de certas vibrações, projetar ao seu redor com profusão, seu fluido animalizado.

As pessoas cuja natureza é impressionável, e cujos nervos vibram ao menor sentimento, à menor sensação, às quais a influência moral ou física interna ou externa sensibiliza, são muito aptas a se tornarem excelentes médiuns para efeitos físicos de tangibilidade e de transportes. Com efeito, seu sistema nervoso, quase que inteiramente desprovido do envoltório refratário que isola esse sistema na maior parte dos outros encarnados, as torna adequadas ao desenvolvimento desses diversos fenômenos. Em consequência, com uma criatura dessa natureza e cujas faculdades outras não são hostis à medianimização, mais facilmente serão obtidos os fenômenos de tangibilidade; as pancadas nas paredes e nos móveis; os movimentos inteligentes e até a suspensão no espaço da matéria inerte mais pesada. A fortiori, obter-se-ão esses resultados se, em vez de um médium, dispusermos de vários igualmente bem dotados.

Mas da produção desses fenômenos à obtenção dos de transporte de objetos, há um mundo, pois, nesse caso, não só é mais complexo e mais difícil o trabalho do Espírito, mas, além disso, o Espírito não pode operar senão através de um único aparelho mediúnico, isto é, vários médiuns não podem contribuir simultaneamente para a produção do mesmo fenômeno. Ao contrário acontece, até, que a presença de certas pessoas antipáticas ao Espírito que opera, entrava radicalmente o trabalho deste. Por estes motivos, que como vedes não deixam de ter importância, acrescentai que os transportes de objetos sempre precisam de uma concentração maior e, ao mesmo tempo, de maior difusão de certos fluidos e que, finalmente, estes não podem ser obtidos senão com os médiuns mais bem dotados, aqueles, numa palavra, cujo aparelho eletromedianímico esteja mais bem condicionado.

Em geral os casos de transporte de objetos são e continuarão sendo muito raros. Não necessito demonstrar-vos por que são e serão menos frequentes que os outros fenômenos de tangibilidade. Do que vos digo, vós mesmos deduzireis. Aliás, esses fenômenos são de tal natureza que não só nem todos os médiuns são adequados, mas nem todos os Espíritos podem produzi-los. Com efeito, entre o Espírito e o médium influenciado deve existir certa afinidade, certa analogia, numa palavra, certa semelhança que permita à parte expansiva do fluido perispirítico[3] do encarnado misturar-se, unir-se, combinar-se com o do Espírito que quer fazer um transporte de objetos. Essa fusão deve ser tal, que a força resultante, por assim dizer, se torne uma, da mesma maneira que uma corrente elétrica agindo sobre o carvão produz apenas um foco, um só clarão.

Por que tal união? Por que tal fusão? perguntareis. É que, para a produção de tais fenômenos, é necessário que as necessidades do Espírito motor sejam aumentadas por algumas do medianimizado; é que o fluido vital, indispensável à produção de todos os fenômenos medianímicos é apanágio exclusivo do encarnado e, por conseguinte, o Espírito operador é obrigado a impregnar-se dele. Só então pode ele, por meio de certas propriedades do vosso meio ambiente, desconhecidas por vós, isolar, tornar invisíveis e fazer mover certos objetos materiais e os próprios encarnados.

No momento não me é permitido desvendar-vos essas leis particulares, que regem os gases e os fluidos que vos cercam. Mas dentro de alguns anos, antes que se passe a existência de um homem, ser-vos-á revelada a explicação dessas leis e desses fenômenos e vereis surgir e produzir-se uma nova variedade de médiuns, que cairão num estado cataléptico particular, desde que medianimizados.

Vedes de quantas dificuldades está cercada a produção dos transportes de objetos. Daí podeis concluir muito logicamente que os fenômenos dessa natureza são excessivamente raros e com tanto mais razão quão pouco a eles se prestam os Espíritos, porque isto exige de sua parte um trabalho quase material, o que lhes é um aborrecimento e uma fadiga. Por outro lado, ainda acontece que muitas vezes, apesar da sua energia e da sua vontade, o estado do próprio médium lhes opõe uma barreira intransponível.

É, pois, evidente, e o vosso raciocínio o sanciona, nem eu o duvido, que os casos das batidas e do movimento e suspensão de objetos são fenômenos simples, que se operam pela concentração e dilatação de certos fluidos, e que podem ser provocados e obtidos pela vontade e pelo trabalho dos médiuns aptos para tanto, quando estes são secundados por Espíritos amigos e benevolentes, ao passo que os fenômenos de transporte de objetos são múltiplos; são complexos; exigem um concurso de circunstâncias especiais; não podem operar-se senão por um só Espírito e um só médium; e necessitam, além das condições de tangibilidade, de uma combinação muito particular para isolar e tornar invisível o objeto ou os objetos do transporte.

Vós todos, espíritas, compreendeis minhas explicações e vos dais conta perfeitamente dessa concentração de fluidos especiais para a locomoção e tactibilidade da matéria inerte. Acreditais nisso como acreditais nos fenômenos da eletricidade e do magnetismo, com os quais os fatos medianímicos têm muita analogia e são, por assim dizer, sua consagração e desenvolvimento. Quanto aos incrédulos, tenho mais o que fazer do que convencê-los e deles não me ocupo. Acreditarão um dia, pela força da evidência, pois é preciso que se inclinem ante o testemunho unânime dos fatos espíritas, como foram forçados a fazê-lo ante tantos outros que a princípio haviam repelido.

Em resumo: se os casos de tangibilidade são frequentes, os de transporte de objetos são muito raros, porque as condições são difíceis, e consequentemente nenhum médium pode dizer: “A tal hora, em tal momento, obterei um transporte de objeto”, porque muitas vezes o próprio Espírito é impedido no seu trabalho. Devo acrescentar que esses fenômenos são duplamente difíceis em público, porque se encontram, quase sempre, elementos energicamente refratários, que paralisam os esforços do Espírito e, com mais forte razão, a ação do médium. Ao contrário, tende a certeza de que esses fenômenos se produzem espontaneamente, na maioria dos casos à revelia dos médiuns e sem premeditação, quase sempre em particular e, enfim, muito raramente, quando estes estão prevenidos. Daí deveis concluir que há um legítimo motivo de suspeita todas as vezes que um médium se gaba de obtê-los à vontade, isto é, de comandar os Espíritos como se eles fossem seus criados, o que é simplesmente absurdo. Tende ainda como regra geral que os fenômenos espíritas não são fatos para exibição em espetáculos e para divertir curiosos. Se alguns Espíritos se prestam a tais coisas, isto não ocorre senão para fenômenos simples, e não para os que, como os de transporte de objetos e outros semelhantes, exigem condições excepcionais.

Lembrai-vos, espíritas, de que se é absurdo repelir sistematicamente todos os fenômenos de Além-Túmulo, também não é prudente aceitá-los todos cegamente. Quando se manifestar espontaneamente ou de maneira instantânea um fenômeno de tangibilidade, de aparição, de visibilidade ou de transporte de objetos, aceitai-o. Mas nunca seria demais repetir: nada aceiteis cegamente. Que cada fato seja submetido a um exame minucioso, severo e profundo, porque, crede, tão rico em fenômenos sublimes e grandiosos, o Espiritismo nada tem a ganhar com estas pequenas manifestações que podem ser imitadas por hábeis prestidigitadores.

Bem sei o que ides dizer: é que os fenômenos são úteis para convencer os incrédulos. Mas, tende certeza de que se não tivésseis tido outros meios de convicção, hoje não seríeis a centésima parte dos espíritas que sois. Falai ao coração. É por ele que fareis mais conversões sérias. Se para certas pessoas julgais útil agir pelos fatos materiais, pelo menos apresentai-os em condições tais que não possam dar lugar a uma falsa interpretação, e sobretudo não vos afasteis das condições normais desses fatos, porque estes, apresentados em más condições, oferecem argumentos aos incrédulos, em vez de convencê-los.

ERASTO

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OS ANIMAIS MÉDIUNS[4]

(SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS. MÉDIUM, SR. D’AMBEL)

Abordo hoje o problema da mediunidade dos animais, levantado e sustentado por um dos vossos mais fervorosos adeptos. Em virtude do axioma quem pode o mais pode o menos, pretende ele que podemos mediunizar aves e outros animais, deles nos servindo em nossas comunicações com a espécie humana. É o que, em Filosofia, ou antes, em Lógica, chamais pura e simplesmente um sofisma.

Diz ele: “Vós animais a matéria inerte, isto é, uma mesa, uma cadeira, um piano; a fortiori, deveis animar a matéria já animada, notadamente as aves.” Então! Na concepção normal do Espiritismo, assim não é. Isto não existe.

Para começar, entendamo-nos acerca dos nossos fatos. Que é um médium? É o ser, é o indivíduo que serve aos Espíritos como traço de união, a fim de que estes facilmente possam comunicar-se com os homens, Espíritos encarnados. Por consequência, sem médium, nada de comunicações tangíveis, mentais, escritas, físicas, nem de qualquer espécie.

Há um princípio que, disto tenho certeza, é admitido por todos os espíritas; é que os semelhantes agem com e como os seus semelhantes. Ora, quais são os semelhantes dos Espíritos, senão os Espíritos, encarnados ou não? Será preciso repeti-lo incessantemente? Ora, eu vo-lo repetirei ainda: Vosso perispírito e o nosso são tirados do mesmo meio; são de natureza idêntica. Numa palavra, são semelhantes. Possuem uma propriedade de assimilação mais ou menos desenvolvida, de magnetização mais ou menos vigorosa, que nos permite a nós, Espíritos e encarnados, nos pormos em contato pronta e facilmente. Enfim, o que pertence propriamente aos médiuns, o que é mesmo da essência de sua individualidade, é uma afinidade especial, e ao mesmo tempo uma força de expansão particular que neles anulam toda refratabilidade e estabelecem entre eles e nós uma espécie de corrente, uma espécie de fusão que facilita nossas comunicações. Aliás, é essa refratabilidade da matéria que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade na maioria daqueles que não são médiuns. Acrescentarei que é a essa qualidade refratária que se deve atribuir a particularidade que faz com que certos indivíduos que não são médiuns transmitam e desenvolvam a mediunidade, pelo seu simples contato com médiuns neófitos ou médiuns quase passivos, isto é, desprovidos de certas qualidades mediúnicas.

Os homens estão sempre dispostos a exagerar tudo. Uns ─ e não falo aqui dos materialistas ─ recusam uma alma aos animais e outros querem conceder-lhes uma, por assim dizer, semelhante à nossa. Por que querer assim confundir o perfectível com o imperfectível? Não, não. Estejam bem convictos de que o fogo que anima os animais, o sopro que os faz agir, mover-se e falar sua linguagem não tem, até o presente, nenhuma aptidão para se misturar, para unir-se, para fundir-se com o sopro divino, a alma etérea, o Espírito, numa palavra, que anima o ser essencialmente perfectível, o homem, esse rei da Criação. Ora, o que marca a superioridade da espécie humana sobre as outras espécies terrenas não é essa condição essencial de perfectibilidade? Então! Reconhecei, pois, que não é possível assimilar ao homem, único perfectível em si e em suas obras, qualquer indivíduo das outras raças vivas na Terra.

O cão, que por sua inteligência superior entre os animais tornou-se amigo e comensal do homem, é perfectível por si mesmo e por sua iniciativa pessoal? Ninguém ousaria sustentá-lo, porque o cão não leva o cão a progredir, e dentre eles, o mais bem adestrado é sempre adestrado por seu dono. Desde que o mundo é mundo, a lontra sempre edifica sua toca sobre as águas, com as mesmas proporções e seguindo uma regra invariável. Os rouxinóis e as andorinhas jamais construíram seus ninhos de maneira diferente da de seus pais. Um ninho de pardal de antes do dilúvio, como um ninho de pardal da época moderna é sempre um ninho de pardal, edificado nas mesmas condições e com o mesmo sistema de entrelaçamento de palhinhas de ervas e resíduos colhidos na primavera, na época dos amores. As abelhas e as formigas, essas pequenas repúblicas domésticas, jamais variaram em seus hábitos de aprovisionamento, nas atitudes, nos costumes, nas produções. Finalmente, a aranha sempre tece sua teia da mesma maneira.

Por outro lado, se buscardes as cabanas de folhagem e as tendas das primeiras idades da Terra, encontrareis em seu lugar os palácios e os castelos da civilização moderna. As vestimentas de pele bruta foram substituídas pelos tecidos de ouro e de seda. Enfim, a cada passo encontrareis a prova dessa marcha incessante da Humanidade para o progresso.

Desse progresso constante, invencível, irrefutável da espécie humana, e desse estacionamento indefinido das outras espécies animadas, concluireis comigo que se existem princípios comuns ao que vive e se move na Terra, o sopro e a matéria, não é menos verdadeiro que apenas vós, Espíritos encarnados, estais submetidos a essa inevitável lei do progresso, que vos impele fatalmente sempre para a frente. Deus pôs os animais ao vosso lado como auxiliares para vos nutrir, vestir, acompanhar. Deu-lhes certa dose de inteligência porque, para vos auxiliar, necessitavam compreender, e lhes dimensionou a inteligência aos serviços que estão chamados a prestar. Mas, em sua sabedoria, não quis que fossem submetidos à mesma lei do progresso. Tais quais foram criados, assim ficaram e ficarão até a extinção de suas raças.

Foi dito que os Espíritos mediunizam e fazem mover a matéria inerte, cadeiras, mesas, pianos. Fazem mover-se, sim, mas não mediunizam! Porque, ainda uma vez, sem médium não se pode produzir nenhum desses fenômenos. O que há de extraordinário quando auxiliados por um ou vários médiuns, façamos mover a matéria inerte, passiva, que, justamente em razão de sua passividade, de sua inércia, é própria para sofrer os movimentos e os impulsos que lhes desejamos imprimir? Para isso necessitamos de médiuns, é verdade. Mas não é necessário que o médium esteja presente ou consciente, porque podemos agir com os elementos que nos fornece, malgrado seu e até mesmo em sua ausência, sobretudo nos casos de tangibilidade e transporte de objetos. Nosso envoltório fluídico, mais imponderável e sutil que o mais sutil e imponderável dos vossos gases, unindo-se, casando-se, combinando-se com o envoltório fluídico, mas animalizado, do médium, e cujas propriedades de expansão e de penetrabilidade não são percebidas por vossos sentidos grosseiros e são quase inexplicáveis para vós, nos permite mover os móveis, e mesmo quebrá-los, em quartos desabitados.

Certamente os Espíritos podem tornar-se visíveis e tangíveis pelos animais, muitas vezes tomados de súbito por esse pavor que vos parece infundado, e que é causado pela vista de um ou vários desses Espíritos mal-intencionados para com os indivíduos presentes ou para com os donos desses animais. Muitas vezes encontrais cavalos que não querem avançar nem recuar ou que empacam ante um obstáculo imaginário. Pois bem! Tende certeza de que o obstáculo imaginário é frequentemente um Espírito ou um grupo de Espíritos que se divertem impedindo-lhes o avanço. Lembrai-vos da jumenta de Balaão, que vendo um anjo à sua frente e, temendo a sua espada chamejante, obstinava-se em não avançar. É que antes de se tornar visível a Balaão, o anjo quis mostrar-se apenas para o animal. Mas, repito, não mediunizamos diretamente nem os animais, nem a matéria inerte. Sempre nos é preciso o concurso consciente ou inconsciente de um médium humano, porque nos é necessária a união de fluidos similares, o que não encontramos nos animais, nem na matéria bruta.

Ele diz que o Sr. Thiry magnetizou seu cão. Que aconteceu? Ele o matou, porque esse infeliz animal depois caiu numa espécie de atonia, de langor, em consequência da magnetização. Com efeito, inundando-o de um fluido tirado de uma essência superior à essência especial de sua natureza, esmagou-o e sobre ele agiu, embora mais lentamente, à maneira de um raio. Assim, como não há nenhuma identificação possível entre o nosso perispírito e o envoltório fluídico dos animais propriamente ditos, nós os esmagaríamos instantaneamente se os mediunizássemos.

Assentado isto, reconheço perfeitamente que nos animais existem aptidões diversas; que certos sentimentos; que certas paixões idênticas às paixões humanas neles se desenvolvem; que são sensíveis e reconhecidos, vingativos e odientos, conforme se atue bem ou mal com eles. É que Deus, que nada faz incompleto, deu aos animais companheiros ou servos do homem, qualidades de sociabilidade que faltam inteiramente aos animais selvagens que habitam as solidões.

Resumindo: os fatos mediúnicos não se podem manifestar sem o concurso consciente ou inconsciente do médium, e só entre os encarnados, Espíritos como nós, é que podemos encontrar os que nos podem servir de médiuns. Quanto a educar cães, aves ou outros animais para fazerem tais ou quais exercícios, é assunto vosso e não nosso.

ERASTO.

OBSERVAÇÃO: A propósito da discussão havida na Sociedade sobre a mediunidade dos animais, disse o Sr. Allan Kardec ter observado muito atentamente as experiências feitas nestes últimos tempos em aves às quais se atribuía a faculdade mediúnica e acrescentou que reconheceu, da menos contestável das maneiras, os processos da prestidigitação, isto é, das cartas marcadas, mas empregadas com muita habilidade para iludir o espectador que se contenta com a aparência, sem perscrutar o fundo. Com efeito, essas aves fazem coisas que nem o homem mais inteligente, nem mesmo o mais lúcido sonâmbulo poderiam fazer, de onde poder-se-ia concluir que possuem faculdades intelectuais superiores ao homem, o que seria contrário às leis da Natureza. O que mais se deve admirar em tais experiências é a arte, a paciência que foi preciso empregar para educar esses animais, tornando-os dóceis e atentos. Para obter esses resultados, certamente foi necessário lidar com naturezas flexíveis, mas isto, na verdade, só se dá com animais amestrados, nos quais há mais hábito que combinações. A prova disto é que se deixam de treiná-los durante algum tempo, eles perdem rapidamente o que aprenderam. O encanto de tais experiências, como o de todas as manobras de prestidigitação, está no segredo dos processos. Uma vez conhecido o processo, perdem toda a atração. Foi o que aconteceu quando os saltimbancos quiseram imitar a lucidez sonambúlica pelo pretenso fenômeno a que chamavam dupla vista. Não podia haver ilusão para quem quer que conhecesse as condições normais do sonambulismo. Dá-se o mesmo com a suposta mediunidade das aves, de que se pode dar conta facilmente qualquer observador experimentado.

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POVOS, SILÊNCIO!

(REMETIDA PELO SR. SABÒ, DE BORDÉUS.

MÉDIUM, SRA. CAZEMAJOUX)

I

Para onde correm essas crianças vestindo túnicas brancas? A alegria ilumina-lhes o coração. Seu enxame folgazão vai recrear-se nos verdes prados onde elas farão uma ampla colheita de flores e perseguirão o inseto brilhante que se alimenta em seus cálices. Despreocupadas e felizes, não veem além do horizonte azul que as cerca. Sua queda será terrível se não vos apressardes em dispor seus corações para os ensinamentos espíritas. Porque os Espíritos do Senhor atravessaram as nuvens e vêm pregar para vós, escutai suas vozes amigas. Escutai atentamente. Povos! Silêncio!

II

Eles se tornaram grandes e fortes. A beleza máscula de uns, a graça e o abandono de outras fazem reviver no coração dos pais as suaves lembranças de uma época já distante, mas o sorriso que ia espalhar-se em seus lábios emurchecidos desaparece para dar lugar às sombrias preocupações. É que também eles beberam a grandes sorvos na taça encantada das ilusões da juventude, e seu veneno sutil lhes enfraqueceu o sangue, enervou-lhes as forças, envelheceu-lhes os rostos, desguarneceu suas frontes e eles queriam impedir seus filhos de provar a mesma taça envenenada. Irmãos! O Espiritismo será o antídoto que deve preservar a nova geração de suas devastações mortais. Porque os Espíritos do Senhor atravessaram as nuvens e vêm regar para vós, escutai suas vozes amigas. Escutai atentamente. Povos, Silêncio!

III

Atingiram a virilidade; tornaram-se homens; são sérios e graves, mas não são felizes. Seus corações estão gastos e têm apenas uma fibra sensível: a da ambição. Eles empregam tudo quanto têm de força e de energia na aquisição dos bens terrenos. Para eles não há felicidade sem as dignidades, as honrarias, a fortuna. Insensatos! De um instante para outro o anjo da libertação vai bater-vos à porta, e sereis forçados a abandonar todas as quimeras. Sois proscritos que Deus pode chamar para a mãe-pátria a qualquer instante. Não edifiqueis palácios nem monumentos. Uma tenda, roupa e pão, eis o necessário. Contentai-vos com isto e o vosso supérfluo, dai-o aos vossos irmãos necessitados de abrigo, roupa e pão. O Espiritismo vem dizer-vos que os verdadeiros tesouros que deveis adquirir são o amor a Deus e o amor ao próximo. Eles vos farão ricos para a eternidade. Porque os Espíritos do Senhor atravessaram as nuvens e vêm pregar para vós, escutai suas vozes amigas. Escutai atentamente. Povos! Silêncio!

IV

Estão com as frontes inclinadas à borda do sepulcro. Têm medo e queriam erguer a cabeça, mas o tempo lhes vergou as espáduas, endureceu-lhes os nervos e os músculos, e estão impotentes para olhar para o alto. Ah! Que angústias vêm assaltá-los! Repassam no recôndito da alma sua vida inútil e por vezes criminosa. O remorso os rói, como um abutre esfaimado. É que muitas vezes, no curso dessa existência escoada na indiferença, negaram seu Deus, que lhes aparece, às bordas da sepultura, como vingador inexorável. Não temais, irmãos, e orai. Se, em sua justiça, Deus vos castiga, levará em consideração o vosso arrependimento, porque o Espiritismo vem dizer-vos que não existe eternidade das penas e que renasceis para vos purificardes e expiar. Assim, vós que estais fatigados do exílio na Terra, fazei todos os esforços para vos melhorardes, a fim de não mais retornardes. Porque os Espíritos do Senhor atravessaram as nuvens e vêm pregar para vós, escutai suas vozes amigas. Escutai atentamente. Povos! Silêncio!

BYRON.

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JEAN-JACQUES ROUSSEAU

(MÉDIUM, SRA. COSTEL)

NOTA: A médium estava ocupada com problemas muito estranhos ao Espiritismo. Dispunha-se a escrever sobre assuntos pessoais, quando uma força invisível a constrangeu a escrever o que segue, apesar de seu desejo de continuar o trabalho começado. É o que explica o começo da comunicação.

“Eis-me aqui, embora não me chames. Venho falar-te de coisas muito estranhas às tuas preocupações. Sou o Espírito de Jean-Jacques Rousseau. Há muito esperava ocasião de comunicar-me contigo. Escuta, pois.

“Penso que o Espiritismo é um estudo puramente filosófico das causas secretas dos movimentos interiores da alma, pouco ou nada definidos até agora. Ele explica, mais ainda do que descobre, horizontes novos. A reencarnação e as provas sofridas antes de atingir o fim supremo não são revelações, mas uma confirmação importante. Estou comovido pelas verdades que esse meio põe à luz. Digo meio com intenção, porque, a meu ver, o Espiritismo é uma alavanca que afasta as barreiras da cegueira. A preocupação com as questões morais está inteiramente por criar. Discute-se a política que move os interesses gerais; discutem-se os interesses privados; apaixona-se pelo ataque ou pela defesa das personalidades; os sistemas têm partidários e detratores, mas as verdades morais, que são o pão da alma, o pão da vida, são deixadas no pó acumulado pelos séculos. Todos os aperfeiçoamentos são úteis aos olhos da multidão, salvo os da alma. Sua educação, sua elevação são quimeras, boas só para encher os lazeres dos sacerdotes, dos poetas, das mulheres, quer como moda, quer como ensinamento.

“Se o Espiritismo ressuscitar o Espiritualismo, devolverá à Sociedade o impulso que dá a uns dignidade interior, a outros resignação, a todos a necessidade de elevar-se para o Ser Supremo, esquecido e desprezado por suas ingratas criaturas.

JEAN-JACQUES ROUSSEAU.

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A CONTROVÉRSIA

(ENVIADA PELO SR. SABÒ, DE BORDÉUS)

Ó Deus! Meu senhor, meu pai e meu Criador, dignai-vos dar ao vosso servo um pouco daquela eloquência humana que levava a convicção ao coração dos irmãos que vinham, em torno da cátedra sagrada, instruir-se nas verdades que lhes havíeis ensinado.

Enviando seus Espíritos para vos ensinarem vossos verdadeiros deveres para com ele e para com os vossos irmãos, Deus quer, sobretudo, que a caridade seja o móvel de todas as vossas ações, e vossos irmãos que querem fazer renascer esses dias de luto estão na via do orgulho. Esse tempo está longe de vós, e Deus seja para sempre bendito por ter permitido que os homens cessassem para sempre essas disputas religiosas, que jamais produziram qualquer bem e que causaram tanto mal. Por que querer discutir os textos evangélicos que já comentastes de tantas maneiras? Esses diversos comentários foram feitos quando não tínheis o Espiritismo para vos esclarecer, e ele vos diz: A moral evangélica é a melhor; segui-a. Mas, se no fundo de vossa consciência uma voz gritar: Para mim há tal ou qual ponto obscuro e não me posso permitir pensar diferentemente de meus outros irmãos! Eloim! meu irmão, ponde de lado aquilo que vos perturba; amai a Deus e a caridade, e estareis no bom caminho. Para que serviu o fruto de minhas longas vigílias, quando eu vivia em vosso mundo? Para nada. Muitos não lançaram os olhos sobre os meus escritos, que não eram ditados pela caridade e que sempre atraíram perseguições aos meus irmãos. A controvérsia é sempre animada por um sentimento de intolerância, que pode degenerar até à ofensa, e a teimosia com que cada um sustenta suas pretensões afasta a época em que a grande família humana, reconhecendo os erros passados, respeitará todas as crenças e não afiará o punhal que tinha cortado esses laços fraternos. Para dar-vos um exemplo do que acabo de dizer, abri o Evangelho e aí encontrareis estas palavras: “Eu sou a verdade e a vida; apenas aquele que crer em mim viverá.” Muitos de vós condenais os que não seguem a religião que possui ensinamentos do Verbo Encarnado. Contudo, muitos estão sentados à direita do Senhor porque, na retidão de seus corações, o adoraram e amaram; porque respeitaram as crenças de seus irmãos; porque clamaram ao Senhor quando viram os povos se estraçalhando entre si nas lutas religiosas; porque não estavam aptos a encontrar o verdadeiro sentido das palavras do Cristo e porque não passavam de instrumentos cegos de seus sacerdotes e de seus ministros.

Meu Deus, eu que vivia nesses tempos em que os corações estavam cheios de tempestades contra os irmãos de uma crença oposta, se tivesse sido mais tolerante; se em meus escritos não tivesse condenado sua maneira de interpretar o Evangelho, eles estariam hoje menos irritados contra os seus irmãos católicos, e todos teriam dado um passo maior em direção à fraternidade universal. Mas os protestantes, os judeus, todas as religiões um pouco destacadas, têm seus sábios e seus doutores, e quando o Espiritismo, mais espalhado, for estudado de boa-fé por esses homens instruídos, eles virão, como fizeram os católicos, trazer a luz aos seus irmãos e acalmar os seus escrúpulos religiosos. Deixai, pois, Deus continuar sua obra de reforma moral que vos deve elevar para Ele, a todos no mesmo grau, e não vos rebeleis contra os ensinos dos Espíritos que ele vos envia.

BOSSUET

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O PAUPERISMO

(ENVIADA PELO SR. SABÒ, DE BORDÉUS)

Em vão os filantropos de vossa Terra sonham com coisas que jamais verão realizadas. Lembrai-vos destas palavras do Cristo: “Sempre tereis pobres entre vós.” Sabeis que estas palavras são a expressão da verdade. Agora que conheceis o Espiritismo, meu amigo, não achais justa e equitativa essa desigualdade das condições que vos alçava o coração cheio de murmúrios contra esse Deus que não tinha feito todos os homens igualmente ricos e felizes? Então! Agora que pensais ter Deus feito bem tudo quanto fez, e que sabeis ser a pobreza um castigo ou uma prova, buscai aliviá-la, mas não useis utopias para fazer os infelizes sonharem com uma igualdade impossível. Certamente, por uma sábia organização social, é possível aliviar muitos sofrimentos, e é isto que se deve ter em mira, mas pretender fazê-los todos desaparecer da face da Terra é uma ideia quimérica. Sendo a Terra um lugar de expiação, sempre haverá pobres que expiam nessa prova o abuso dos bens de que Deus os havia feito os dispensadores, e que jamais conheceram a doçura de fazer o bem aos seus irmãos; que entesouraram moeda por moeda, para amontoar riquezas inúteis para si mesmos e para os outros; que se enriqueceram com os despojos da viúva e do órfão. Oh! Esses são muito culpados, e seu egoísmo terá consequências terríveis. Contudo, guardai-vos de ver, em todos os pobres, culpados em punição. Se a pobreza é para alguns uma severa expiação, para outros é uma provação que lhes deve abrir mais rapidamente o santuário dos eleitos. Sim, sempre haverá pobres e ricos, para que uns tenham o mérito da resignação e outros o da caridade e do devotamento. Quer sejais ricos ou pobres, estais num terreno escorregadio que vos pode precipitar no abismo, e num declive no qual só as vossas virtudes vos podem reter.

Quando digo que haverá sempre pobres na Terra, quero dizer que enquanto houver vícios que dela farão um lugar de expiação para os Espíritos perversos, Deus os enviará para nela se encarnarem, para seu próprio castigo e para castigo dos vivos. Merecei por vossas virtudes que Deus não vos envie senão bons Espíritos, e de um inferno fareis um paraíso terrestre.

ADOLFO,

Bispo de Alger

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A CONCÓRDIA

(ENVIADA PELO SR. RODOLPHE, DE MULHOUSE)

Meus amigos, sede unidos. A união faz a força. Proscrevei de vossas reuniões todo espírito de discórdia, todo espírito de inveja. Não invejeis as comunicações que recebe este ou aquele médium. Cada um recebe conforme a disposição de seu Espírito e a perfeição de seus órgãos.

Jamais esqueçais que sois irmãos e que essa fraternidade não é ilusória. É uma fraternidade real, porque aquele que foi vosso irmão numa outra existência pode achar-se entre vós, noutra família.

Sede unidos pelo espírito e pelo coração. Tende a mesma comunhão de pensamentos. Sede dignos de vós mesmos, da doutrina que professais e dos ensinamentos que fostes chamados a difundir.

Sede, pois, conciliatórios nas opiniões. Que elas não sejam absolutas. Procurai esclarecer-vos uns aos outros. Ponde-vos à altura de vosso apostolado e dai ao mundo o exemplo da boa harmonia.

Sede o exemplo vivo da fraternidade humana e mostrai onde podem chegar os homens sinceramente devotados à propagação da moral.

Com um só objetivo, não deveis ter senão um só e mesmo pensamento, o de pôr em prática o que ensinais. Que vossa divisa seja: União e Concórdia; Paz e Fraternidade!

MARDOQUEU

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AURORA DOS NOVOS DIAS

(SOCIEDADE ESPÍRITA DE PARIS. MÉDIUM, SRA. COSTEL)

Eis-me aqui, eu que não evocais, mas que estou desejosa de ser útil, por minha vez, à Sociedade cujo objetivo é tão sério quanto o é o vosso. Falarei de política. Não vos alarmeis. Sei dentro de que limites devo manter-me.

A situação atual da Europa oferece o mais surpreendente aspecto para o observador. Em nenhuma época, sem excetuar o fim do último século, que fez tão grande rombo nos preconceitos e abusos que comprimiam o espírito humano; em nenhuma época, dizia, o movimento intelectual se fez sentir mais intrépido, mais franco. Digo franco, porque o espírito europeu marcha na verdade. A liberdade não é mais um fantasma sangrento, mas a bela e grande deusa da prosperidade pública. Mesmo na Alemanha, essa Alemanha que descrevi com tanto amor, o sopro ardente da época abate as últimas fortalezas dos preconceitos. Sede felizes, vós que viveis em tal momento. Porém, mais felizes ainda serão os vossos descendentes, porque aproxima-se a hora, a hora anunciada pelo Precursor. Vedes clarear-se o horizonte, mas, como outrora os hebreus, ficareis no limiar da Terra Prometida e não vereis erguer-se o sol radioso dos novos dias.

STAËL



[1] Esta dissertação foi inserida no Livro dos Médiuns, no capítulo “Da influência moral dos médiuns”, item 230. (Nota do revisor Boschiroli)


[2] Esta dissertação foi inserida no Livro dos Médiuns, no capítulo “Das manifestações físicas espontâneas”, item 98. (Nota do revisor Boschiroli)


[3] Vê-se que quando se trata de exprimir uma ideia nova para a qual falta o termo, os Espíritos sabem perfeitamente criar neologismos. Os vocábulos eletromedianímico e perispirítico não são nossos. Os que nos criticaram por havermos criado espírita, Espiritismo, perispírito, que não tinham análogos, podem também usar o mesmo processo contra os Espíritos.


[4] Esta dissertação foi inserida no Livro dos Médiuns, capítulo “Da mediunidade dos animais”, item 236. (Nota do revisor Boschiroli)


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