Revista espírita — Jornal de estudos psicológicos — 1862

Allan Kardec

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Tento mais uma canção (Sociedade espírita do México)

I

Filho querido de uma terra adorada, aqui me lembro sempre de você.

Sob outros céus, alma regenerada, encontrei beleza, mocidade e amor.


Enfim estou no topo da vida, mundo eterno onde todos renascemos.

E, pobre Espírito desta outra pátria, ainda tento mais uma canção.


II

Vi chegar essa deusa pálida, cujo nome, só, a todos nos comove.

Mas não vendo em seus olhos senão ternura, pude apertar as mãos sem receio.

Adormeci e minha nova amiga embalou minha partida em sons maviosos.

E, pobre Espírito desta outra pátria, ainda tento mais uma canção.


III

Ide em paz. Deitai-vos no túmulo, ó mortos felizes, sem preocupação de despertar.

Vossos olhos fechados são a tela que cai, para se reabrir de novo, a um sol mais radioso.


Sorride, pois! A morte vos convida a seus banquetes de brilhantes colheitas.

E, pobre Espírito desta outra pátria, ainda tento mais uma canção.

IV

Estão caídos os gigantes da glória: escravos, reis, todos serão confundidos, porque, para nós todos, a mais bela vitória cabe ao que mais sabe amar.


Lá vemos aquilo que pede o nosso amor ou aquilo que, pesar nosso, aqui na Terra deixamos.

E, pobre Espírito desta outra pátria, ainda tento mais uma canção.


V


Amigos, adeus. Entro no espaço, que sempre posso transpor ao vosso chamado:


imensidade que jamais nos deixa e que em breve percorrereis.


Sim, com voz feliz e rejuvenescida, juntos recitareis minhas lições.

E, pobre Espírito desta outra pátria, ainda tento mais uma canção.



BÉRANGER


NOTA: De passagem por Paris, o presidente da Sociedade Espírita do México nos confiou uma série de comunicações dessa sociedade e nos autorizou a escolher o que julgássemos de mais utilidade. Pensamos que os leitores não se lamentarão por essa primeira escolha que fizemos. Verão pelas mostras que bonitas comunicações são dadas em toda a parte. Devemos acrescentar que o médium que obteve as poesias acima é uma senhora inteiramente alheia à poesia.

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